Ronaldo Caiado discursa sob vaias em evento com Bolsonaro em Goiás
Governador defendeu o direito de propriedade e lembrou da militância contra a esquerda. Apoiadores do presidente reverenciaram Vitor Hugo
Em evento de entrega de títulos de terra com @jairbolsonaro, Ronaldo Caiado é vaiado. Governador de Goiás aguardou por minutos antes de iniciar seu discurso, enquanto ouvia as manifestações de desagrado vindas da plateia.
Quando iniciou seu discurso, Caiado disse militar há anos “contra as esquerdas” no Brasil. “Nós levantamos esse Brasil e na Constituinte nós cravamos que o direito à terra, o direito à propriedade está consolidado naquela Carta”, disse ele sobre o período da redemocratização.
“Nós enfretamos as esquerdas como ninguém. Nós tivemos a coragem de levantar a bandeira de quem produz e trabalha”, prosseguiu.
Caiado ainda fez apelo ao presidente da República, que, segundo ele, poderia atestar que Caiado foi o único candidato defensor do agricultor nas eleições de 1989, quando o goiano disputou o Palácio do Planalto.
“Vossa Excelência podia fazer um favor a mim: aqui avisar, exatamente informar aos desinformados que em 1989 ninguém tinha coragem de ser candidato a presidente para defender produtor rural. Na primeira eleição, foi o Ronaldo Caiado que saiu candidato a presidente da República, foi o Ronaldo Caiado que foi para a frente da luta enfrentar as esquerdas do Brasil, levar e levantar o nome de quem trabalha e de quem produz”, disse o governador sobre si mesmo.
Em seguida, ele defendeu os programas de sua gestão, a qual disse não ter “mácula de corrupção”, e recordou que seu governo recebeu apoio de Bolsonaro. Por fim, o governador afirmou que vai continuar “devolvendo Goiás aos goianos e o Brasil aos brasileiros”.
Minutos depois, Bolsonaro recordou o episódio de 1989 e pontuou: “O inimigo da nação não veste verde e amarelo, veste vermelho. E tem na sua bandeira uma foice e um martelo”.
Desentendimentos com Bolsonaro
Desde o início da pandemia, Caiado e Bolsonaro trocaram algumas farpas. Em 2020, os desentendimentos eram em razão de divergências em assuntos sanitários.
Médico, Caiado chegou a dizer que as decisões do presidente da República na área de saúde não alcançariam o estado de Goiás e defendeu orientações técnicas da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde.
Em 2021, os dois voltaram a se desenteder em razão dos preços dos combustíveis. Em dezembro, Bolsonaro chamou o governador de “mentiroso” ao criticar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrado pelos estados sobre os combustíveis.