Estudante diz ter sido desligada de estágio por alimentar cadela grávida em UPA no DF
Segundo a estudante, quem não cumprisse com o que era imposto pela direção da UPA estava sob risco de demissão
Aluna de serviço social da Universidade de Brasília (UnB), Luana Melcop, 23 anos, foi desligada de estágio obrigatório que fazia na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Paranoá. Segundo a estudante, a demissão ocorreu nesta segunda-feira (12/6), após ela insistir em alimentar uma cadela de rua, que estava grávida e ficava nos arredores do posto.
A estudante iniciou o estágio no local havia 3 meses e, desde que iniciou a rotina no posto, a cadela estava na área externa da UPA.
De acordo com Luana, a direção e a coordenação da unidade de saúde proibiam os funcionários de dar água e alimentos ao animal. A estudante afirmou que quem não cumprisse com o que era imposto estava sob risco de demissão.
Mesmo com a proibição, a então estagiária se recusou a parar de fornecer alimento à cadelinha. “Essa proibição é desumana. Eu alimentava a cachorra antes de iniciar o meu turno, e sempre cumpria com todas as minhas obrigações no estágio. Não tem lógica solicitarem o meu desligamento por isso, muito menos coagirem os colaboradores a não ajudarem um animal de rua”, afirma a estudante.
A cadela, apelidada de Margarida, entrou em trabalho de parto na noite dessa segunda-feira. O animal chegou a cavar um buraco ao lado de um bueiro, o que deixou os funcionários da UPA em alerta, por conta do risco de os filhotes caírem no fosso.
“Na hora que percebemos que os filhotes poderiam correr risco, nós fomos tentar tirar a cadela de lá. Contamos com a ajuda de diversos funcionários da UPA”, conta.
Após os funcionários socorrerem o animal que estava em um local de risco, Luana foi chamada pela diretora da UPA, Juliete Souza, e foi informada do desligamento. Segundo a estudante, a direção solicitou o desligamento dela e de outra estagiária, alegando que as atividades envolvendo o cão não eram relacionadas ao estágio.
Procurado pelo Metrópoles, o Instituto de Gestão Estratégica do Distrito Federal (IgesDF), responsável por gerenciar as UPAs do DF, negou a versão da estudante. Em nota, entidade disse que o desligamento das estagiárias se deu por “condutas e comportamentos inadequados, como faltas”.
O Iges disse, ainda, que já havia alertado Luana outras vezes para que não alimentasse o cão de rua, sob a justificativa de que havia uma proliferação de carrapatos na sala vermelha da unidade de saúde. O alerta teria sido feito nessa terça (13/6), ocasião em que a estagiária teria sido “ríspida e afirmou que continuaria a prática”, segundo a nota.
Eu tive duas situações: um trabalho de faculdade, que eu fiz a reposição do dia, e quando entrei de atestado, porque fiz cirurgia nos dois joelhos recentemente e fiquei 3 dias afastadas pra fazer a ressonância e o retorno médico”, justifica a universitária.
Luana registrou um boletim de ocorrência na Delegacia Eletrônica da Polícia Civil do Distrito (PCDF) alegando maus-tratos ao animal. A cadela foi resgatada por estudantes da União Pioneira de Integração Social (Upis). A cachorra deu à luz cinco filhotes que foram adotados por alunos da Universidade de Brasília.