Especialistas alertam para o risco de surto de gripe no Distrito Federal
Especialistas destacam que a vacinação, o uso de máscaras e a higienização das mãos são elementos fundamentais para conter uma possível epidemia da variante H3N2 do vírus da gripe no DF e evitar a superlotação dos hospitais
Diante do surto da cepa darwin — cidade australiana onde foi identificada —, do vírus Influenza A H3N2, em outros estados do país, como São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo, Amazonas e Rondônia, o Distrito Federal se mantém em alerta sobre a epidemia de gripe. A Secretaria de Saúde do DF (SES) afirma que não registrou casos ou mortes pela variante neste ano, mas, no mesmo período de 2020, Brasília tinha o registro de 40 casos de Influenza e seis óbitos pela doença. Apesar do cenário de aparente tranquilidade, especialistas destacam que a vacinação contra o vírus e o uso de máscara de proteção são necessários para evitar a superlotação da rede pública de saúde na capital do Brasil.
Um dos casos diagnosticados com a cepa em São Paulo é de um morador do DF. Até a semana passada, a Secretaria de Saúde não tinha informação sobre a alta do paciente. Segundo a pasta, o H3N2 está entre os alertas epidemiológicos. Mas, a identificação da cepa da Influenza só é feita com um teste específico em casos de internação. “Não temos sistemas para descobrir o tipo de gripe de todo mundo”, explica a chefe do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Distrito Federal (Cievs-DF), Priscilleyne Reis.
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Mesmo com a ampliação da vacinação, em julho, o DF tem cerca de 50 mil doses disponíveis e não atingiu a meta de 90% dos grupos prioritários imunizados, como crianças, gestantes, puérperas, idosos e pessoas com comorbidades. Bebês de até seis meses não podem tomar o imunobiológico. Segundo a SES, o DF recebeu cerca de 1,1 milhão de vacinas contra a Influenza, e 90,99% desse total foi aplicado, considerando toda a população e não apenas o público-alvo inicial da campanha.
Em entrevista coletiva na última quinta-feira, o diretor de Vigilância Epidemiológica da SES, Fabiano dos Anjos, declarou que não é necessário criar pânico pois não estamos em surto no DF. “A população precisa continuar com os cuidados não farmacológicos, como o uso de máscara, lavar as mãos, evitar aglomerações. E, no caso de sintomas de gripes mais acentuados, procurar o sistema de saúde”, orientou o diretor. No DF, há 65 postos de vacinação contra a Influenza.
Cuidados
Para o pneumologista Ricardo de Melo, professor da área clínica da faculdade de medicina da Universidade de Brasília (UnB), o problema é que a campanha de vacinação contra a Influenza não atingiu a meta desejada. “Se as pessoas se vacinassem e continuassem com os cuidados preventivos, como o uso de máscara, a higienização das mãos e evitar locais com aglomeração, não teríamos esses surtos de H3N2 que estão ocorrendo em alguns estados”, avalia.
Ricardo assegura que existe a chance de uma epidemia de H3N2 no DF, o que pode causar superlotação de hospitais. “Em um tempo de pandemia da covid-19, ter um vírus da gripe em circulação é um fator que nos preocupa, e isso gera um aumento na internação nos hospitais”, acentua. O especialista diz que é preciso ir ao médico em caso de dor de cabeça mais forte, fraqueza, falta de apetite, coriza ou febre. “Como os sintomas são parecidos com a covid-19, é importante ir em uma unidade de saúde para buscar o diagnóstico correto”, aconselha o pneumologista.
Diretor-técnico do Grupo Sabin, laboratório de medicina diagnóstica, o hematologista Rafael Jácomo esclarece que o subtipo H3N2 compõe o mix da vacina antigripe, mas, assim como as demais variantes que aparecem sazonalmente, apresenta mutações progressivas que devem ser atualizadas anualmente. “Este é o motivo da vacina contra influenza ter indicação anual, porque a variante que vem causando os surtos observados em várias regiões do Brasil, especificamente, não constava nas vacinas da última estação (ano)”, detalha.
Rafael lembra que, para as pessoas que apresentarem sintomas da variante, o laboratório oferece o exame gratuito de Mini Painel para vírus respiratórios, que identifica, simultaneamente, os vírus da Influenza A, Influenza B, vírus sincicial respiratório e o novo coronavírus, vírus causador da covid-19. “A informação clinicamente relevante é o diagnóstico de Influenza, independentemente se A ou B, pois há opções de painéis mais complexos que identificam especificamente o subtipo H3N2, porém, não muda a conduta médica”, ressalta.