PMs usam spray de pimenta contra advogada e OAB faz denúncia
Policiais Militares também puxam e tentam entrar na casa da advogada. OAB vai apresentar notícia-crime contra PM por abuso
Policiais militares do Distrito Federal são acusados de agir com truculência contra a advogada Samira Aline Lima Souza, 33 anos, no Setor O, em Ceilândia. Em vídeos registrados pelos moradores no local, é possível ver os PMs usando spray de pimenta na advogada. Eles também puxaram a moça e tentaram entrar na casa de Samira.
A Ordem dos Advogados do Brasil do Distrito Federal decidiu nessa terça-feira (2/5) apresentar notícia-crime contra o policial acusado de abuso de autoridade.
“Ele me puxou com força, fiquei com medo que arrancasse a minha roupa”, contou a vítima sobre a agressão. Os PMs estariam na rua onde Samira mora para encerrar uma festa na vizinhança. Segundo a advogada, a polícia teria chegado de forma arbitrária às 17h, ordenando o fim da comemoração “.
“As pessoas aqui sabem que sou advogada e me chamam quando tem uma situação que envolve polícia”, explicou Samira, que estava em casa quando uma vizinha foi pedir ajuda.
“Os policiais seguiram ela até a minha casa, quando ela se aproximou do portão, já me chamou falando que a polícia estava jogando gás de pimenta em todo mundo. Os policiais estavam tão agitados que jogaram spray de pimenta logo em mim”, reclama.
Samira relatou que, quando ouviu a movimentação, saiu de casa com a carteirinha de advogada na mão e se apresentando profissionalmente. “Por ser moradora de periferia, e o tratamento ser assim com todos lá, senti que estavam à vontade sem pensar em qualquer consequência”.
Denúncia
Com as imagens, a Ordem dos Advogados do Brasil do Distrito Federal informou que vai apresentar notícia-crime contra o policial militar acusado por conduta abusiva à advogada.
A decisão foi aprovada nessa terça-feira (2/5) pela Comissão de Prerrogativas da Seccional do Distrito Federal que vai levar requerimento para corregedoria da Polícia Militar e para o Ministério Público do Distrito Federal (MDFT).
Para a presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada, Cristiane Damasceno, é fundamental a OAB agir para “combater o abuso de autoridade e possibilitar o exercício profissional”.
Damasceno também é conselheira federal pela OAB-DF e destacou que o policial pode responder ainda por racismo já que trata de uma advogada negra.
“A comissão de prerrogativas agiu de forma firme e correta e quando decidiu que providências serão tomadas para proteger as prerrogativas da advogada que foi desrespeitada e agredida no exercício da função”, ressaltou .
Ocorrência
A advogada registrou um boletim de ocorrência denunciando a truculência policial, ocorrida em 26 de fevereiro. As investigações estão na 24ª Delegacia de Polícia (Ceilândia).
De acordo com a Polícia Civil, a PMDF foi notificada sobre a versão apresentada pela comunicante, e, segundo a PCDF, a unidade apura os fatos narrados.
O MPDFT informou que a Promotoria Militar vai apurar o caso.
Questionada, a PMDF ainda não respondeu à reportagem.