Seja bem-vindo. 7 de setembro de 2024 20:31
Previous slide
Next slide
Previous slide
Next slide

Derrubadas no Setor Cana do Reino, em Taguatinga, geram conflito com moradores

 

Derrubadas no Setor Cana do Reino, em Taguatinga, geram conflito com moradores

Equipes do governo iniciaram a demolição das casas enquanto moradores asseguravam que o terreno era particular

 

Equipes da Secretaria de Proteção à Ordem Urbanística (DF Legal), acompanhadas de policiais militares e tratores, demoliram áreas e lotes do condomínio JK Ville — onde moram cerca de 300 famílias —, na área conhecida como Cana do Reino, perto de Vicente Pires e ao lado da BR-001. As famílias moradoras do local, na tentativa de impedir a entrada dos agentes, incendiaram pneus e paus na via e o trânsito foi interditado.

Os residentes da área afirmam que a propriedade é privada e foi comprada, não invadida. No local, os advogados defendiam que os agentes de demolição começaram a derrubada sem apresentar documentos legais para tanto. Por sua vez, o DF Legal informou que está cumprindo uma decisão judicial do juiz Carlos Frederico Maroja de Medeiros, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, que, segundo a nota do órgão, visa combater ocupações irregulares na região.
Raul Júnior, 43, presidente da associação dos moradores do local e que também mora na área, conta que os residentes fizeram tudo de boa fé e não são invasores. “Nós compramos um sonho e estamos vivendo essa realidade. Brasília inteira teve partilhamento ilegal de solo e foi nisso que nós caímos. Isso não é terra pública, é particular, nós compramos. Semana passada já derrubaram sete casas aqui, tudo sem apresentar documentos”, compartilha.
Além disso, Raúl também critica a abordagem policial, que tirou crianças na base da força, usou bombas de efeito moral e gás de pimenta. Para dispersar as pessoas e abrir espaço para a chegada dos tratores, os agentes fizeram uso das ferramentas e assustaram os moradores, que eram vistos chorando e em desespero.
A DF Legal informou em comunicado que a ação na região se dá pelo local ser objeto de grileiros e, nas palavras do juiz de direito que emitiu a decisão judicial, com “a gravíssima denúncia de formação de milícias, uma das formas mais socialmente daninhas de crime organizado”. Segundo levantamento prévio do parcelamento ilegal, a previsão de lucros dos grileiros com a venda dos lotes irregulares é de R$ 62 milhões.

A advogada Lívia Carolina Soares Dias de Medeiros, uma das representantes dos moradores, defendeu os residentes e adicionou outra crítica aos policiais. “Aqui não tem bandido, são só famílias que querem exercer seu direito de moradia. Eles (policiais) chegam violentos e truculentos, mesmo sem apresentar nenhum documento”, diz.
A primeira ação, realizada na semana passada, resultou em sete casas demolidas. Ainda assim, a DF Legal informa que não tem o número exato de edificações que foram removidas, uma vez que a operação ainda está em curso.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *