Conta de luz “zerada” em casa usada como cativeiro indica que chacina foi planejada
Em depoimento à PCDF, dono da casa disse que compareceu algumas vezes ao imóvel para falar com inquilino, mas o local “sempre estava vazio”
Ana Karolline Rodrigues.
A casa usada como cativeiro na maior chacina do Distrito Federal foi alugada em outubro pelos autores do crime, mas só chegou a ser usada dois meses depois, no final de dezembro. À polícia, Francisco Alves Sobrinho, o proprietário da residência utilizada pelos criminosos para manter as vítimas, disse que compareceu algumas vezes ao imóvel para falar com o inquilino, mas o local “sempre estava vazio”.
Foi apurado que Francisco declarou à Polícia Civil que comprou o terreno em 1992 e fez uma casa em 1997, a qual utiliza para renda de aluguel residencial. O endereço fica no condomínio Vale do Sol, entre o Vale do Amanhecer e o Araponga, em Planaltina.
Casa usada para crimes
De acordo com o proprietário, os problemas com inquilinos já são recorrentes. Há quem não pague “e até mesmo alguns que utilizam o imóvel para crimes”. “A casa já foi alvo de várias operações policiais, inclusive com indivíduos envolvidos com tráfico de drogas”, informou o homem.
Segundo Francisco, a casa ficou fechada por muito tempo, sem alugar. Até que, em outubro de 2022, ele colocou uma faixa em frente ao imóvel anunciando a casa para aluguel.
No dia 24 daquele mês, o dono da residência foi contatado por Gideon Batista de Menezes, que se identificou como “Gil”, e resolveu fechar negócio por R$ 800. Depois, Francisco ligou para Horácio Carlos Ferreira Barbosa, que disse ser sócio de “Gil”. O imóvel foi alugado por esse valor, pago via Pix.
Francisco Alves diz que só viu Gideon uma vez pessoalmente e que nunca chegou a conhecer Horácio. O dono da casa conta que esteve no local algumas vezes para tentar contato com o locatário mas o imóvel não estava ocupado. Mesmo assim, o proprietário diz que recebia o aluguel todo dia 24, assim como as conta de luz e água eram pagas normalmente.
Descoberta
Apenas em 19 de janeiro que o locador teria reconhecido Gideon, por meio de uma reportagem sobre a chacina. No mesmo momento, ele diz que viu na TV a prisão de Horácio e desconfiou que ele seria o homem responsável pelas transferências.
Após o caso vir à tona, Francisco foi localizado por uma equipe de policiais da 31ª Delegacia de Polícia (Planaltina). Ele disse que não conheceu Fabrício Silva Canhedo nem as vítimas do crime.
Por fim, o locador disse que trabalha de forma autônoma com locação de mesas, cadeiras e freezers, além de ressaltar que “não tem nenhum antecedente criminal”. Aos policiais ele afirmou que pretende vender a casa “na primeira oportunidade”.